Dar à luz é um momento marcante na vida de qualquer mulher. Não se julgue, porém, que tudo é um mar de rosas aquando do nascimento de um filho. Nem sempre o famoso instinto maternal vem imediatamente ao de cima. A depressão pós-parto é um problema real e sério que afeta mais mulheres do que se pensa.
Este tipo de transtorno não costuma acontecer devido a um único fator. Justifica-se antes por um conjunto de razões que atingem de forma negativa o nível anímico das mães. O resultado é estas poderem começar a sentir-se inaptas física e emocionalmente para cuidarem do seu bebé.
Importa também esclarecer que todas as mulheres estão suscetíveis a sofrer um incómodo assim. É certo que há um quadro específico (gravidez indesejada, historial depressivo, relação conjugal complicada, etc.) que o pode propiciar. No entanto, ninguém está imune ao trauma. Nem quem tem a felicidade de ter um ambiente interno e externo favorável.
8 Sintomas de uma depressão pós-parto
1. Tristeza profunda
Tristeza e melancolia são os sentimentos dominantes em qualquer abaixamento emocional. Numa depressão pós-parto é igual. A grande diferença é que aqui o lógico seria exibir um entusiasmo e alegria extremos.
Esta dicotomia entre aquilo que se acha que se devia sentir e o que é realmente sentido é prejudicial. Desde logo, contribuirá para criar uma confusão ainda maior no estado emocional da mulher.
2. Irritabilidade
Alterações bruscas de temperamento são, igualmente, traços marcantes de alguém que acaba de ser mãe e se sente instável. Perante este cenário, a pessoa tende a manifestar doses de irritação maiores do que o habitual. Qualquer coisa, por mais insignificante que possa ser, irá fazer com que reaja de modo mal-humorado.
Esta intolerância por parte da mulher pode resultar no seu isolamento, pois irá afastar aqueles que lhe são mais próximos. Tal é altamente desaconselhado quando se atravessa uma fase difícil.
3. Sensação excessiva de desgaste
Sentir cansaço e desconforto é algo habitual em alguém que acaba de passar por uma gravidez e um parto. Tal pode levar a que haja algum desalento na mulher – o que também é frequente.
Estas sensações costumam durar entre duas semanas a um mês após o nascimento do filho. É o chamado “baby blues”. O que já foge ao normal é que a fadiga se prolongue por muito mais tempo do que o apontado.
Quando tal se verifica, estamos perante sinais evidentes de depressão pós-parto, que podem funcionar enquanto catalisador de outros males. Chorar abundantemente e com recorrência, bem como sofrer de ansiedade elevada, são alguns exemplos.
4. Perda de autoestima
Nem todas as mulheres adoram estar grávidas e nem todas se sentem mais bonitas com a maternidade. Este é um mito que importa desfazer.
A gravidez deixa uma mossa mental e física da qual se leva tempo a recuperar. E há mulheres que não lidam bem com isso, perdendo grande parte da sua autoestima.
O corpo ficou inchado, as roupas antes usadas deixaram de servir e, a acompanhar, o bebé chora e quer mamar constantemente. São alterações demasiado drásticas que nem sempre são assimiladas da melhor maneira por quem as sofre na pele.
À perda de autoestima junta-se, em geral, o desinteresse pelas rotinas antigamente tidas no dia-dia.
5. Comportamentos desviantes em relação ao bebé
Um dos indícios mais preocupantes e evidentes da depressão pós-parto prende-se com certas atitudes da mulher em relação ao filho.
Por estar descompensada, a mãe poderá adotar uma postura de indiferença total ou até agressividade para com a criança. Nalguns casos, é possível que lhe passe pela cabeça prejudicá-la. Por outro lado, a insegurança nela própria poderá conduzir ao medo de cuidar do bebé por se julgar incapaz.
6. Perda ou excesso de apetite
As oscilações repentinas, que caraterizam muito este tipo de problema, não se produzem somente a nível do feitio. Também o apetite das mães se vê afetado.
Numa depressão pós-parto, a mulher pode alternar períodos de fome ávida com outros em que comerá pouco ou nada. Consequentemente, o organismo sairá prejudicado, podendo registar-se um ganho excessivo ou uma perda abrupta de peso.
7. Crises de insónias
Dormir um número de horas reduzido é um forte sintoma de depressão. Além disso, com o sono desregulado, as sensações de angústia e frustração só serão adensadas.
A mãe de uma criança que tenha só alguns meses de vida já dorme pouco ou em horários menos usuais. Estando deprimida, tenderá a não conseguir descansar, mesmo quando o bebé se encontra em repouso.
8. Pensamentos de suicídio
Em algumas situações, a mulher poderá inclusive pensar em pôr termo à vida. Os pensamentos recorrentes de suicídio representam um estágio extremo da depressão pós-parto.
Não significa que todas as mães debilitadas psicologicamente cheguem a tentar suicidar-se ou ponderem sequer cometer tal ato. Contudo, há casos em que a falta de perspetivas e a inquietação são tão grandes que a psicose assume contornos trágicos.
Como ultrapassar este tipo de depressão?
Tal como sucede com outros problemas psicológicos, a melhor forma de encarar uma depressão pós-parto é começar por assumi-la. Isso passa também por não ignorar nem desvalorizar os sinais já referidos.
A partir daí, é importante que se proceda a uma série de ações:
- Procurar ajuda especializada: A assistência de um psicólogo é sempre recomendável em situações de descompensação anímica;
- Manter a proximidade com as pessoas: Familiares e amigos estarão com certeza disponíveis para ouvir e ajudar. Tê-los por perto é fundamental. Sozinha, o caminho torna-se mais sinuoso;
- Comer bem: Conservar energias é imprescindível para que a mulher consiga cuidar de si e do seu filho. Uma alimentação saudável e variada contribui para isso;
- Livrar-se da pressão: Há mulheres que vivem demasiado obcecadas com a ideia de serem as melhores mães do mundo. A perfeição não existe. Assumir que se vai errar tem tanto de verdadeiro como de libertador;
- Descansar tanto quanto possível: Dormir é o melhor remédio. Há que aproveitar o tempo em que o bebé está no seu sono para relaxar.
Enquanto mãe (ou futura mãe) de um recém-nascido, aconselha-se que esteja atenta a todos os sintomas. E, claro, se for o caso, deve procurar auxílio para ultrapassar esta fase negativa. Os profissionais de Psicologia estão habilitados a ajudá-la a lidar com esta fase da melhor maneira.