Respirar pela boca é um problema que afeta uma boa parte das crianças. Acontece sobretudo durante o sono, mas também quando estão acordadas.
Esta alteração na respiração traz, a médio-longo prazo, consequências para a saúde e bem-estar, inclusivamente nas funções do sistema estomatognático (fala, deglutição, mastigação e sucção).
O nariz tem um papel fundamental no ciclo respiratório. Neste órgão, o ar inspirado é humedecido, aquecido e filtrado de vírus e bactérias, antes de seguir para os pulmões. Além disso, contribui para a harmonização das estruturas e das funções orofaciais.
O ato de respirar pela boca pode ter diversas origens, assim como pode resultar em problemas bastante díspares. Explicamos-lhe tudo de seguida.
Principais razões para uma criança respirar pela boca
A respiração é um ato involuntário e vital para os seres humanos. Há determinadas alterações funcionais e/ou estruturais neste processo que levam a criança a respirar pela boca, nomeadamente:
- Obstruções nasais: Alterações nas fossas nasais, fraturas, pólipos ou desvio do septo nasal;
- Amígdalas e/ou adenoides volumosas (hipertrofias);
- Sucção digital (chuchar no dedo) ou uso prolongado de chupeta;
- Alterações posturais da criança.
Sinais que ajudam a identificar a respiração oral nas crianças
Respirar pela boca prejudica um ciclo respiratório saudável. Além disso, provoca desequilíbrios funcionais e estruturais na face, ao mesmo tempo que afeta as funções estomatognáticas.
Normalmente, considera-se que uma criança tem um modo respiratório predominantemente oral quando este tipo de respiração prevalece, no mínimo, durante 6 meses, tanto em repouso como em esforço. Esta adaptação é, possivelmente, uma resposta a algum dos problemas atrás identificados.
Como consequência, é bastante comum as crianças que respiram pela boca desenvolverem as seguintes características:
- Face mais alongada, sobretudo na zona da mandíbula;
- Boca constantemente aberta ou entreaberta, com tendência para o lábio superior retrair. Normalmente, há vazamento de baba devido à baixa vedação labial, sobretudo no sono;
- Pouco tónus das bochechas, lábios e língua;
- Palato (céu da boca) estreito e alto;
- Inadequação da postura oral, frequentemente caracterizada pelo mau posicionamento da língua (para a frente). Tal pode afetar a saúde dentária, levando a problemas de oclusão e aumentando a incidência de cáries;
- Inadequação da postura corporal: colocação da cabeça para trás e ombros para a frente.
Além disso, a respiração oral tem outras consequências que condicionam significativamente o bem-estar e o desenvolvimento infantil. Crianças que respiram pela boca são mais suscetíveis a apresentar irritabilidade, cansaço, dores de cabeça e problemas de concentração. Também o sono é seriamente afetado.
O meu filho respira pela boca. O que devo fazer?
A respiração bucal é muitas vezes desvalorizada. Contudo, é importante salientar que a intervenção precoce é determinante.
Se identificar no seu filho alguma das características acima mencionadas, deve procurar uma avaliação por um profissional de saúde das áreas da Pediatria, Medicina Dentária, Otorrinolaringologista ou Terapia da Fala.
O diagnóstico e tratamento podem ser levados a cabo por uma equipa multidisciplinar. A terapia miofuncional é uma das estratégias usadas para contrariar este problema. A reeducação e otimização das estruturas orofaciais, levada a cabo pelo terapeuta da fala, é frequentemente acompanhada de uma intervenção pelo médico dentista.
Além disso, há fatores que podem prevenir o aparecimento de alguns destes problemas. A saber:
- Evitar o uso prolongado de chupeta, pois esta condiciona o normal funcionamento das estruturas da boca;
- Manter as vias áreas da criança sempre desobstruídas, promovendo lavagens nasais regulares.